terça-feira, 25 de agosto de 2009

Paulo Bento: Divórcio


Será que tudo no Futebol tem que estar condenado a um resultado desportivo no imediato?

Vamos a factos.

Paulo Bento chegou ao Sporting pela mão de Soares Franco. A politica de gestão desportiva era clara: redução de custos, politica de contenção orçamental, venda de algum activo para balancear orçamento, aposta nos jovens formados na academia, complementar o plantel com alguns jogadores estrangeiros mais experientes

Perante um cenário desportivamente restrito Paulo Bento registou, rezam as estatísticas, um dos melhores períodos de sempre da história leonina. Venceu a Taça de Portugal, conquista a Supertaça, apurou-se duas épocas consecutivas para a Liga dos Campeões, passou pela primeira vez na história do clube a fase de grupos da competição.
Mas Paulo Bento foi mais. Foi disciplinador, foi director desportivo, foi director de comunicação, foi um autêntico colete de balas para os desaires e questões delicadas do Sporting.

Todos os factos suprareferidos levaram a um sentimento de união entre sócios e o seu treinador. Paulo Bento conseguia frutos com um plantel significativamente mais modesto que os dos seus mais directos competidores, o clube fazia mais valias como Nani, a equipa jogava com uma maioria de jogadores formados no clube, Paulo Bento exponenciava jogadores da academia (João Moutinho, Miguel Veloso, Yannick Djaló, Rui Patrício, Pereirinha, Ricardo Carriço).

Maio de 2009 poderia ser um mês chave para o clube de Alvalade. Com as eleições à porta perfilaram-se dois candidatos com propostas dispares.

Por um lado, a auto-proclamada "continuidade" defendida por José Eduardo Bettencourt. Paulo Bento ficaria («Paulo Bento Forever»), o Sporting continuaria a sua aposta na prata da casa, procuraria com menos fazer mais que os outros.

Do outro lado contrapunha-se, pela mão de Paulo Pereira Cristóvão, uma proposta de ruptura. O Sporting optaria por um treinador estrangeiro de craveira internacional, o Sporting iria mais ao mercado reforçar externo reforçar o plantel, a postura e o discurso do clube seriam mais agressivos do que no mandato de Soares Franco.

A tudo isto os sócios do clube responderam, peremptoriamente, com um 89,4% num projecto mais comedido que incluiria Paulo Bento.

O clube voltou a apostar em todos os itens que têm marcado o sucesso do clube no passado mais recente.

Se a receita é a mesma que tem enchido os sócios de orgulho por terem uma das melhores academias do mundo, por serem um clube que aposta nos jogadores nacionais, por conseguirem ficar a frente de clubes com orçamentos milionários, a que se devem este divórcio entre os sócios e a equipa técnica?

Já aqui o escrevi. Não se pode exigir uma equipa de jovens e querer-se maturidade. Não se pode elogiar e votar um orçamento e depois criticar o clube por não ter comprado jogadores de craveira. 89,4% de votos num projecto responsabiliza os seus sócios. Ou têm maturidade e paciência para apostar num projecto, ou voltarão a um Sporting de tumultos e revoluções constantes que poucos resultados desportivos alcançou.

Poderá ser dificil Paulo Bento ficar no Sporting, mas será certamente mais dificil para o Sporting ficar sem Paulo Bento.

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