sábado, 15 de novembro de 2008

Zé Polvinho


A política tal qual um Polvo.

Não é necessário ser-se um leitor atento para, olhando para a política nacional, se reconheça uma intensa teia de relações permiscuas entre órgãos governativos e diferentes poderes.

Como se de um Polvo se tratasse politica e poder económico alargam os seus tentáculos, contornam a legislação e estabelecem um esquema de favorecimentos mútuos que escapa às malhas da Justiça.

Aquilo que se verifica em Portugal é uma absorção, por parte do sector privado, dos grandes cérebros da Gestão, Economia, Engenharias e Advocacia, que são altamente remunerados, com uma carreira estável e independente de ciclos politico-partidários. Pelo contrário quem governa, terá de o fazer um autêntico jogo de expectativas, mediado através da comunicação social (tendencialmente contra-poder) o que se repercute em mandatos curtos que dificilmente excedem duas legislaturas e redunda no descrédito público das figuras governativas.

Manda a lógica que qualquer profissional que se preze, principalmente em conjunturas económicas instáveis, zela pele estabilidade na sua carreira.

Assim sendo enveredar pela carreira politica afigura-se um exercício desgastante e pouco apetecível quando comparado com o auspicioso sector privado. Assistimos então à chegada ao poder de uma segunda linha de dirigentes políticos, mal remunerados e por isso permeavéis a influências.

Representam uma classe politica incapaz de chegar aos compensatórios cargos privados mas que a todo o custo aspira lá chegar e o faz através de concessões múltiplas.


Se olharmos para a proveniência e passado profissional de muitos políticos, que na última vintena de anos, têm passado pela Assembleia da Republica verificamos aquilo que se poderá apelidar de «conflitualidade de poderes».

Falo pois de Advogados, Juristas e profissionais de outros ramos pertencentes a grandes grupos e sociedades que, pela natureza do seu cargo, deveriam zelar pelo bem público mas que, por serem representantes em Portugal de multinacionais, produtos ou marcas, acabam por, de uma forma ardilosa. alterar pontualmente a constituição de forma e aprovar negócios nos quais têm interesse atendível.

Iberdrola, BCP, Mota-Engil, Portucale, Bragaparques, Casino Lisboa, BPN são tantos os exemplos de relações dúbias entre política e poder económico.

Tal como afirma Saldanha Sanches «A corrupção em Portugal é particularmente paralisadora, uma vez que apenas procura obter o máximo do Estado»

Não auguro nenhuma melhoria neste campo nos próximos anos.

Com a crise capitalista que enfrentamos e a necessidade de retoma economica veremos um Estado assegurar uma dupla função. Em primeiro lugar um papel mais interventivo do Estado enquanto agente económico, abandonando a postura neutral em relação ao mercado, assegurando maior inventimento , injectando capital e sendo estimulador económico principalmente através de grandes obras públicas. Por outro lado, teremos um Estado mais manietado perante os custos crescentes com a vertente social (desemprego, saúde).

As impediosas metas económicas tornarão o Governo, seja ele qual for, ávido a avultados investimentos de forma a evitar recessões. Isto significará certamente alimentar as indústrias de base do País, sobretudo a construção cívil.

Aproximam-se tempos díficeis mas certamente não faltarão obras faraónicas: pontes, aeroportos, TGV.


Governar cada vez menos significa adoptar políticas mas sim gerir interesses.


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