sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Obama: Ventos de Mudança


Uma força avassaladora.


Barack Hussein Obama desafiou os incrédulos, superou os renitentes, destronou os cépticos.

Se recuássemos quatro anos atrás e o jovem Senador do Illinois manifestasse então o desejo de se tornar Presidente dos EUA as suas declarações seriam alvo de gracejo. Como poderia um cidadão negro, um político inexperiente, um homem não oriundo das dinastias politicas americanas sequer aspirar a tal cargo?

Não só o público em geral soltaria uma gargalhada como também Obama, no seu âmago, largaria um sorriso como que pedindo desculpa por tamanha ousadia.

Em 2008, vemos Obama irromper pela bruma da noite, ladeado por estandartes simétricos "Stars and Stripes", os holofotes estão sobre ele, a multidão ovaciona-o numa euforia tão genuina como arrebatadora. Será este momento real ou apenas mais uma das demonstrações do poder dos simulacros hollywoodescos? Obama de pronto nos dissipa as dúvidas.

«Se existe alguém quem ainda duvida que a América é um sítio onde todas as coisas são possíveis (..) que ainda questiona o poder da Democracia. Tem hoje, aqui, a resposta»

Barack Obama tem razão.

Não foi só uma grande vitória para os Democratas, foi uma vitória para a Democracia global, uma vitória que deveria ser vista por todos nós como um tónico para a mudança.

Não sei explicar o quê, mas há em Obama algo de magnetizador, uma vibrante energia positiva que só encontramos nos mais carismáticos líderes da história da humanidade, algo que perpassa nas suas palavras mas que as transcende.

Algo que mobilizou, como nunca antes na história dos EUA, os cidadãos para as mesas de voto, algo que os fez acreditar na importância da participação cívica e na importância de cada voto singular na mudança de rumo do país, algo que devolveu aos jovens a vontade de ter expressão pública, algo que, numa conjuntura de crise, reuniu ricos e pobres, brancos e negros, novos e velhos,autóctones e imigrantes, católicos e islâmicos na convicção de que a «sua voz poderia ser a diferença».

É este o poder da verdadeira Democracia, unir na diferença.


Um discurso irrepreensível, sem a efusividade que muitos esperariam, mas à inércia postural Obama contrapôs uma cadência rítmica, palavras incisivas ditas com a profundidade de quem quer provocar rupturas.

Obama recordou que nunca foi o candidato provável, que a sua campanha se iniciou com poucos recursos e donativos, que cresceu em razão proporcional à vontade de mudança de cidadãos anónimos, homens e mulheres que viram nele o epicentro de toda a mudança. Alertou para os desafios que se avizinham, propôs reconstruir a América «bloco-a-bloco», lançou o repto à união e ao envolvimento dos cidadãos nesse processo, não cidadãos enquanto indivíduos, mas sim enquanto massas unidas capazes de debelar as feridas profundas causadas por oito anos trágicos.

Num discurso temporalmente tripartido Obama lembrou o passado, acentuou as dificuldades presentes mas remeteu para o futuro uma palavra de esperança, a retoma do sonho americano.

Mais do que uma vitória sem precedentes a história de Obama é a concretização do espírito de missão, do desejo de ir mais além, do desafiar de dogmas, convenções e preconceitos, um poder que está em todos nós e que depende do nosso espírito de iniciativa para vingar.

Obama tem condições para se tornar num dos mais marcantes líderes políticos da história, as suas ideias são inovadoras, o seu discurso optimista, a sua postura humilde.


A história de Obama extravasa o contexto político, é bem mais do que isso, uma lição que nos faz acreditar que podemos mudar o rumo dos acontecimentos mesmo quando ninguém nos dá crédito ou não nos vaticina sorte.

As mudanças afinal começam e acabam em nós mesmos, basta acreditarmos. Obama acreditou e faz-nos acreditar.


Tal como Obama proferiu vezes sem conta «Sim nós podemos!»

Sem comentários:

Enviar um comentário

A sua opinião conta. Faça-se ouvir enviando um comentário