quinta-feira, 12 de abril de 2007

O Valor da Imagem


Não existem verdades absolutas e, sobretudo, há que ter em atenção que o rumo da história é sempre escrito pelos vencedores.


Vivemos numa sociedade em que a visão se afigura como o sentido primordial, vulgarizaram-se expressões tais como “ver para crer”, “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Os factos só têm credibilidade se tiverem suporte de imagem. O sucesso de uma empresa depende da imagem que ela perpassa para o exterior. Uma boa imagem (entenda-se aparência) poderá ser o trampolim para sermos aceites numa qualquer entrevista de emprego.


Contudo a imagem é tão falível quanto o olhar humano, ela não passa de uma representação iconográfica.


Sublinho a palavra “representação”, ou seja teatralização, encenação.


As imagens fotográfica ou de vídeo são isso mesmo, uma encenação; não num sentido de manipulação, mas sim porque o repórter ao definir um ângulo, uma perspectiva e uma interpretação está a subjectivizar o objecto.


A imagem em si tem um valor relativo. Para que seja devidamente interpretada tem de ser explicada. É ai que reside o grande poder dos media. O de fornecerem uma explicação sobre aquilo que vemos.


Imaginemos uma situação concreta. Uma colina arborizada, uma espessa nuvem de fumo e uma multidão. O mero posicionamento da câmara poderá criar um pânico generalizado ou tranquilizar uma população inteira. Um plano geral poderá sugerir um incêndio de grandes proporções mas um plano mais próximo evidenciará que se trata apenas de uma queimada agrícola.


O caso supra referido é o paradigma da teoria psicológica do Gestaltismo. Esta teoria é baseada na percepção das formas e defende que não se pode ter a percepção do todo através das partes. A percepção correcta da realidade só é assimilada quando a totalidade do objecto nos é mostrada.


Segundo esta corrente da psicologia alemã, o mesmo objecto poderá ter duas leituras dependendo do plano de leitura que adoptarmos. É o caso paradigmático: Rostos de perfil vs. Vaso.



Este poder de mostrar imagens ambíguas e de as interpretar apenas segundo uma perspectiva deturpa a realidade e a percepção da opinião pública.


A televisão é, de todos os meios de comunicação, aquele que menos nos permite reflectir. Este facto deve-se sobretudo à sua dinâmica. Enquanto que num jornal de papel podemos voltar atrás na leitura, ler com mais minúcia, reler até percebermos o conteúdo, na televisão a assimilação é imediata e quase acrítica. Esse ritmo frenético desvirtua o acto de informação, transformando-o numa mera transposição de conteúdos visuais.


Quantas vezes em conversas de café já não utilizámos a expressão “viste o que aconteceu?” e não “compreendeste o que aconteceu?”. A velocidade vertiginosa com que a informação “franchisada” nos é transmitida leva apenas a um conhecimento superficial sobre o que se passou, sem ir ao cerne das questões.


O caso paradigmático que escolhi para abordar esta dicotomia entre imagem mostrada e realidade foi o fatídico 11 de Setembro. Em que medida aquilo que nos foi mostrado é a mais pura das realidades? Porque apenas damos ouvidos à versão oficial do Governo americano? Que poder tem realmente a imagem?


Abri este tópico com a expressão “não existem verdades absolutas” será sobre este fundamento que analisarei, num futuro artigo, algumas correntes de interpretação alternativa sobre os acontecimentos do 11 de Setembro.


Porque a dúvida é a base do conhecimento.



4 comentários:

  1. Caro Joao...
    para que a realidade nao seja deturpada nunca mais deverás fazer uma labor jornalística como a que fazes...

    tem cuidado com as túas fotos...
    nao manipules muito os acontecementos... hehehe

    um saudo

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  2. Jonny boy...
    Está um texto magnifico. Faz-nos pensar como as coisas podem ser realmente manipuladas conforme os interesses.
    Consigo ver que terás um futuro brilhante à tua frente. E nunca percas essa vontade de descobrir, analisar, ver pontos de vista diferentes.
    Nunca mudes!
    Um beijo...
    Catarina

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  3. O povo vira refém do terrorismo enquanto os causadores do terror ficam sentado planejando qual será o proximo continente que pretendem invadir pra usufruir de seus minerais.

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